quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Trincheiras em Canudos

(...) Descia-se por ela [rua da cidadela] em suave declive, divisando-se no extremo, na praça, um lanço derruído da igreja. Mas a breve trecho estacava-se de encontro a outro entrincheiramento, onde se adensava maior número de combatentes. Era o último, naquele rumo. Dali por diante um passo mais era espingardeamento certo. Toda a parte do arraial à direita e na frente estava ainda em poder dos habitantes. Os adversários acotovelavam-se. Ouvia-se, transudando das paredes de taipa, o surdo e indefinível arruído da população entocada: vozes preçipites, cautas, segredando sob o abafamento dos colmos; arrastamento de móveis; soar de passos; e uns como longínquos clamores e gemidos; e às vezes - notas cruelmente dramáticas! - gritos, e choros, e risos, de crianças...

Relato de Euclides da Cunha de um passeio pelas trincheiras da cidadela. 

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