sábado, 2 de julho de 2011

E o que faltou para visitar?


Cachoeira de Santa Bárbara - Cavalcante - próximo ao Quilombo dos Kalungas (eu não fui!)


Faltou dizer algo importante: para variar, faltou muito o que visitar.

Poderia ter passado por Goiás e por Pirenópolis. Em Goiás teve a Cavalhada (festival folclórico) e o FICA (Festival Internacional de Cinema Ambiental). No FICA teve Show do ManuChao. Eu não estive lá. Eu não vi o Show...

Ao redor da Chapada dos Veadeiros, muitos lugares legais para visitar (que eu não fui). Tem Colinas do Sul para visitar. Tem Cavalcante para visitar. Tem Niquelândia para visitar.

Cachoeiras e trilhas sem fim. Por exemplo, perto de Cavalcante, muita coisa legal. Vá para o Quilombo dos Kalungas, e seja guiado por um quilombola para uma das paisagens da região. Visite o Rio Tocantins (sim, na região, você estará na Bacia do Rio Tocantins).

É sempre assim. Razões para voltar.

Final da Jornada pelo Sertão Goiano!

[foto de vereda e buritizal - Beira da Chapada dos Veadeiros]
"Me deu saudade de algum buritizal, na ida duma vereda em capim tem-te verde, termo de chapada. Saudades, dessas que respondem ao vento; saudades dos Gerais. O senhor vê: o remôo do vento nas palmas dos buritis todos, quando é ameaço de tempestade. Alguém esquece isso? O vento é verde. Aí, no intervalo, o senhor pega o silêncio põe no colo. Eu sou donde eu nasci. Sou de outros lugares." - jagunço Riobaldo - Grande sertão: veredas - João Guimarães Rosa


Prezados leitores, fim da jornada!

Voltei para casa são e salvo depois dessa jornada, um total de pouco mais de 3 mil Km. Coisa pouca, nada de mais, tem muita coisa legal para ser vista pertinho da gente.

Gostei muito de Goiás, dos Goianos, e de ter a oportunidade de passear pelo sertão novamente. Pois ali não é sertão?

Muita coisa bonita eu vi, retornei revigorado! Em casa me esperando a Antonela, o Vítor e o pequenino Etcétera na barriga na mamãe.

Tirei do bauleto o doce de Buriti. Dei para a Antonela provar. Ela gostou. O Miguilim é que gostava de doce de Buriti.

Vivam e viajem! Viajem e vivam!

"O que muito viaja aumenta a sua sagacidade. Muita coisa vi nas minhas viagens, o meu conhecimento é maior do que as minhas palavras." - Eclesiástico 34, 10-11

Quarta-feira: de Catalão para... CASA! V-Strom non-stoppable!

Continuando a saga, ontem segui até Catalão e o penu segurou a pressão até o Hotel onde fiquei, na margem do trevo para Uberlândia.

Acordei hoje de manhã e chequei a calibragem - foi de 42 libras para 30 libras durante a noite. Perfeito o reparo não estava...

Que fazer? Levar para um borracheiro refazer o reparo? Trocar o pneu em Uberlândia? [ontem tinha ficado com a mesma dúvida ao chegar perto de Brasília, mas como o pneu estava segurando a pressão achei melhor seguir adiante] Seguir adiante?

Bom, FACA NA CAVEIRA, calibrei no posto e resolvi seguir adiante... Afinal de contas, tinha 800 km para rodar hoje, sem muito tempo a perder. O duro é que, numa situação dessas, você fica na nóia achando que o pneu está murchando a todo tempo, parava a cada 100 - 200 Km para checar a calibragem (lógico, tinha o meu calibrador de caneta), às vezes antes por alguma sensação esquisita na moto (e nessas situações, o tempo todo você acha que a moto está esquisita...). Stresse danado.

Encurtando a história, cheguei em São Paulo sem precisar encher o pneu novamente. O reparo aguentou... Agradeço a minha V-Strom, minha Vermelhinha, NON-STOPPABLE!!!!!

MENSAGENS DE OURO DESSA ROUBADA:

PRIMEIRA
Nunca, nunca faça seguro com o Banco do Brasil. Eles não sabem que MOTO não tem Step! Ao inferno com eles!

SEGUNDA
Cheguei à conclusão que não vale a pena carregar os cilindros de CO2. Porque o gás pode vazar e te deixar na mão. Quando funciona é uma maravilha (uma vez eu usei e foi moleza botar a moto para rodar de novo) mas se tá vazio, você tá na roça.
É um dispositivo pesado, volumoso e não-confiável. Relação de fatores desfavorável.
Vou voltar a levar a minha super bomba de bicicleta. Tenho uma pequena de boa qualidade. Ocupa pouco espaço, leve e confiável (relação de fatores favorável). Ok, dá mais trabalho para encher, mas você enche.
[já fiz um teste com ela, murchei os dois pneus da V-Strom e em 40 minutos deixei os dois com 36 libras]

TERCEIRA
Um Rodoar e um irmão na estrada podem salvar a sua pele. Obrigado, Sr. Ivan. espero que um dia o senhor passe por aqui!

QUARTA
Quando uma coisa dá errado, se você estiver vivo, sempre tem um jeito para contornar o enrosco.

Terça-feira: tinha um prego no meio do caminho...

Hoje acordei para fazer algo que queria fazer ontem mas não deu tempo e a Matula e as cachaças do Waldomiro não deixaram: visitar o Vale da Lua.

Saindo de São Jorge em direção a Alto Paraíso, caminho bem sinalizado, depois de uns 10 km de terra estacionei a moto e, depois de uma leve caminhada, cheguei ao Vale da Lua. A paisagem explica o nome, belas paisagens com várias piscinas para banho. Dei o meu último mergulho nesse rolê pelo Sertão Goiano.










Como daqui prá casa seriam cerca de 1400 Km, com data de retorno máximo para quarta-feira, resolvi iniciar a volta hoje mesmo. Chegando do Vale da Lua, fiz o check-out na Pousada Trilha Violeta (que vai deixar saudades) e comecei o retorno. Parada em Alto Paraíso para abastecer, calibrar os pneus (que eu tinha murchado para rodar melhor na terra), limpar e lubrificar a corrente. Saí do posto cerca de meio-dia.

Passando São João da Aliança, no meio do NADA, sensação estranha na roda traseira, encostei num lugar esquisito da estrada para checar, não deu outra: pneu traseiro furado.

Com dificuldade, em um local sem acostamento (meio transição da pista com o matagal onde deveria ser o acostamento), coloquei a moto no cavalete central para avaliar o dano: um ROMBO do calibre do meu dedo mínino (quase 1 cm de diâmetro) no pneu.

Com uma fraqueza enorme, peguei o meu kit de reparo de pneus (levei dois, e por sorte, intuição ou seja lá por que motivo, um tinha reparos mais grossos para furos maiores e cola vulcanizante). Limei o furo e inseri o reparo. Cortei o excesso. Peguei o meu cilindro de CO2 para encher o pneu. Moleza!

O único problema é que... o cilindro estava VAZIO! Shit! [tenho ouvido vários relatos de problemas com as válvulas desses cilindros, fui mais uma vítima!]

Pneu reparado sem ter como encher. No meio do nada. Lugar de dar medo. E agora?

Vou ligar para o guincho da seguradora MAS - sem sinal de celular!

Faço sinal e uma pick-up pára. O dono gentilmente me empresta o seu celular para ligar (que tinha sinal, evidentemente) - e no 0800 do Banco do Brasil (nunca mais faço seguro com eles!) me informam que não poderiam mandar socorro por se tratar de dano pneumático. Simples assim eles deixam o segurado, em situação desesperadora, na mão, sem o menor pingo de dor na consciência. Como o celular era emprestado, nem perdi o meu tempo mandando o atendente para onde devia mandar. Afinal de contas, ele devia estar se sentindo bem seguro em uma sala com ar condicionado, no Rio de Janeiro (todos os atendendtes do Banco do Brasil que eu já falei  tem sotaque carioca).

Na seqüência, pedi socorro para um caminhão que tinha Rodoar (aquele sistema que enche o pneu dos caminhões em viagem). Foi difícil para adaptar o Rodoar na válvula Schrader do pneu (precisou de um adaptador especial que por sorte o caminhoneiro tinha na caixa de ferramentas). Mas deu certo: sucesso! Pneu reparado e cheio!

Se não fosse o Sr. Ivan, o caminhoneiro, o meu anjo da guarda do dia, eu tava lascado. Olhando para trás agora que deu tudo certo, agradeço ao Altíssimo a ajuda imprescindível do Sr. Ivan, e espero que o Banco do Brasil vá à falência (se depender de mim vai, ô seguradora ruim de assistência) e que o atendente que me largou na mão arda no mármore do inferno. Ou não, uma vez que se ficasse esperando o guincho lá provavelmente ficaria horas parado naquele lugar ermo e inseguro... [na prática, não fez diferença ter ou não ter acesso a socorro mecânico]

Não fosse o Sr. Ivan, eu provavelmente teria que tirar a roda traseira, pegar uma carona, ir até um posto para encher o pneu e pegar uma carona de volta, largando a moto na beira da estrada... Bom, pelo menos assim a moto poderia ser roubada, e pelo menos assim o Banco do Brasil ia se dar mal (ou iam inventar alguma para não me pagar, do jeito que são filhos da p...). Detalhe: posto, só 50 km para trás ou 50 km para frente...

Bem, enfim, pneu reparado, próximo estágio da preocupação: o reparo, naquele furo gigante, vai segurar ????????


[você consegue ver o tamanho do reparo na foto?]
[veja as conclusões de ouro do episódio no próximo post]

Segunda-feira: Rio Almécegas e Matula no rancho do Waldomiro

Hoje saí rumo à Fazenda São Bento onde pode-se visitar 3 cachoeiras: 2 no Rio Almécegas e a Cachoeira São Bento. Saindo de São Jorge, retorna-se o trecho de terra em direção a Alto Paraíso e, 8 Km antes de Alto Paraíso fica o acesso para a Fazenda São Bento. Da entrada da fazenda, percorri de moto uma trilha de alguns Km em estado regular para a V-Strom (alguns momentos de agonia apenas) mas deu para tirar belas fotos e dar belos mergulhos.









Pelo caminho, Buritizais e Araras revoando, muito bonito. Saindo da Fazenda São Bento, dei um pulo em Alto Paraíso para abastecer (não há posto em São Jorge) e pude comprovar que é muito mais legal ficar em São Jorge que em Alto Paraíso. Retornando a São Jorge, uma parada obrigatória, no Rancho do Waldomiro (ao lado do Morro da Baleia, não tem como errar!) para comer matula (uma comida típica do sertão gioano, uma feijoada com feijão branco e miúdos de porco, apimentada) - comida para MACHO! (achei muito gostosa)

No rancho, além de Matula, você encontra cachaças e licores (provei várias, muito boas) e doces típicos, como o de Buriti, que comprei para dar de presente para a Antonela.





"Nem falou outras palavras, não pegou matula e trouxa" - A terceira margem do rio - Primeiras Estórias - João Guimarães Rosa

Sábado e domingo: os dois passeios dentro do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros


Dentro do parque são permitidos dois passeios em trilhas bem definidas, necessariamente em acompanhamento por guias cadastrados. É uma pequena porção do parque disponível para visitação: um passeio é o dos Canions e da cachoeira das Carioquinhas e o outro é o dos saltos do Rio Preto.

Para cada passeio, você começa a caminhada lá pelas 9 - 9:30 h na entrada do parque e termina lá pelas 16-17h. Durante o dia, horas de caminhada no cerrado em meio à natureza e ao que restou dos garimpos (a região foi, antes da formação do parque, área de garimpo de cristal de quartzo), com direito às histórias dos guias. Gostei muito do acompanhamento do Sr Wilson, guia mais antigo da região, que tinha muitas histórias para contar - nascido em São Jorge, filho de garimpeiro (e que também garimpou).

Basta chegar na entrada do parque (que fica a cerca de 1 km do povoado de São Jorge) - eu ia de MOTO e lá formava grupo com outros turistas que chegavam. O que não faltou foi banho em água gelada! Abaixo algumas fotos, a que eu apareco acompanhado é pelo Seu Wilson: