segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Sobre o Medo: analisando a Expedição Extremo Sul (parte 1)



O que o medo é: um produzido dentro da gente, um depositado; e que às horas se mexe, sacoleja, a gente pensa que é por causas: por isto ou por aquilo, coisas que só estão é fornecendo espelho. A vida é para esse sarro de medo se destruir; jagunço sabe. Outros contam de outra maneira.” – Jagunço Riobaldo – Grande sertão: veredas – João Guimarães Rosa

Esses dias passou na TV cultura o documentário Extremo Sul. Assisti pela metade, acabei comprando o DVD (aliás, muito legal, caixa ilustrada com fotos e com um DVD de extras - recomendo! – comprei pelo site da livraria cultura).

Trata-se de um filme realizado para documentar uma expedição de alpinistas em 2003 com o objetivo de atingir o cume do Monte Sarmiento, localizado na porção chilena da Terra do Fogo. Local inóspito, dominado pelo mal tempo em uma região de encontro dos ventos do Pacífico e do Atlântico, com muito frio, e o Monte Sarmiento dominando a paisagem de maneira isolada (seu cume fica a cerca de 2,3 mil metros acima do nível do mar e a 1700 metros acima dos topos dos montes ao seu entorno). Nas palavras do alpinista Barreta, que fez parte da expedição, um lugar mágico, misto de montanha com cogumelos de gelo.

Para alguns, uma escalada tão ou mais difícil que a do Everest.  Poucas equipes conseguiram chegar lá.

O titulo me atraiu por 2 motivos: pela presença das magníficas paisagens da patagônia mais austral, com seus glaciares, região que eu e a Antonela já visitamos de MOTO na primeira edição da Expedição Cone Sul. De fato, as imagens do DVD são de tirar o fôlego. Foi uma bela recordação dessas paragens austrais.

O segundo motivo diz respeito à identificação que vejo entre alpinistas e MOTOciclistas de Endurance ou de aventura:

Ambos se submetem a uma atividade de risco. Ambos são assombrados, continuamente, pelo medo. Ambos são fascinados pelos seus objetivos, seja o cume de uma montanha isolada ou um lugar remoto que represente um objetivo de peregrinação em sua MOTO.

Ao assistir o filme, impressionante a identificação que tive com o clima psicológico dos alpinistas no decorrer da aventura. Acho que é um bom material para discorrer um pouco sobre como o medo atua na vida dos alpinistas, MOTOciclistas, e em verdade, na vida de qualquer ser humano.

Adianto que a equipe não atingiu o cume. E o que era para ser um filme a sobre uma aventura radical, acabou sendo um documentário sobre a reação humana à aventura, à percepção do risco e ao medo.

Nas próximas entradas do blog transcrevo algumas declarações encontradas nesse documentário para dar amparo a alguns comentários que farei a respeito do medo e da aventura.

Nenhum comentário:

Postar um comentário