A marcha foi acelerada pela rota escolhida de Monte Santo a Canudos, passando por Cumbe.
A vanguarda se distanciando do grosso da tropa e da retaguarda. A dificuldade em se transportar todo o equipamento de guerra: os soldados as suas mochilas e armas, os canhões pelos caminhos acidentados, água, munição de guerra e de boca, a cavalaria tangendo o gado para alimentação na retaguarda.
As mesmas dificuldades das expedições anteriores: o rigor da caatinga para os soldados. O sol, o calor, a sede, a fome. O despreparo logístico para tão complexa operação. O despreparo para uma operação de guerra extensa - e a ilusão de exterminar-se a resistência em um combate pontual. Não havia condições de manutenção da capacidade operacional da tropa por dias a fio. O equipamento inapropriado para as condições encontradas.
A falta de informações fidedignas sobre o terreno e sobre as reais ondições do inimigo, atocaiado pelo caminho, entrincheirado nas bocainas e nos pontos de passagem, alvejando a tropa, a cavalaria, mirando nos oficiais ao longo das fileiras de combatentes.
A falta de cooperação da população local que, com razão, conforme veremos, temia mais aos militares que aos conselheiristas.
A prepotência do Coronel Moreira Cesar. Vide telegrama enviado ao Ministro da Guerra no post anterior.
A epilepsia do Coronel. Várias crises o acometem antes do início do confronto. Estaria fora de seu juízo normal?
Acelerou a tropa para chegar mais rápido a Canudos. Finalmente uma Expedição militar vislumbra a cidadela, aos 3 de março de 1897, depois de alguns confrontos pontuais com os jagunços. Tinha o receio, conforme vimos, de chegar rápido para não deixar que o inimigo fugisse.
Euclides da Cunha conta que, na manhã do ataque, data supra, após marchar 19 Km e chegar ao alto da do Morro da Favela, decidiu invadir o povoado. Esperava tomar a cidade a carga de baionetas. Esperava almoçar em Canudos.
Ordenou algumas cargas de canhoneio por sobre a cidade. E a descida das tropas até o vale - que ultrapassou o Vazabarris e enfrentou forte resistência ao se aproximar das taperas. O caos do combate no labirinto de casebres. O fogo certeiro dos jagunços de vários pontos: do alto das igrejas, de trincheiras, de seteiras nas paredes das cafuas.
A situação fica dramática para a tropa, algumas horas após iniciado o combate, e o Coronel Moreira César resolve descer da colina para animar a tropa: - Eu vou dar brio àquela gente...
Ao iniciar a descida foi mortalmente ferido por uma bala no ventre. Foi levado para as ruínas da Casa Velha da Fazenda, na margem direita do Vazabarris, onde morreu de madrugada, contrariado com a decisão do Estado Maior de bater em retirada. Fez lavrar uma ata que discordava da decisão. Quantos erros sequenciais! Coronel Tamarindo assumia o comando.
No dia seguinte, os jagunços com sua tática conseguiram instaurar descontrole geral sobre a tropa. O pânico se instaurara. Os oficiais não conseguiram coordenar a retirada em ordem. Soldados feridos são largados pelos caminhos. São deixados para trás os canhões, a munição, os armamentos. Soldados se livram do uniforme para evitar serem identificados como tais. Muitos já haviam desertado.
No final foi uma debandada geral. Graciosamente para os jagunços: armas, farta munição, dinheiro reservado ao soldo dos combatentes. Enorme presente da república para os conselheiristas.
Os soldados morriam pelo caminho. Chegavam estropiados, pelados a Monte Santo.
Coronel Tamarindo foi morto em retirada e empalado numa árvore. Seu corpo seria encontrado meses após pela 4a Expedição.
Os jagunços "enfeitaram" o caminho com partes do uniforme, dolmãs, quepes; decapitavam os cadáveres e fincavam as cabeças às margens da estrada.
Retrato do total despreparo para as operações nesse cenário.
E o maior nome do Exército Brasileiro, o temível Coronel Moreira César, o Corta-Cabeças, tombava em combate poucas horas após o início do confronto.
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