terça-feira, 7 de agosto de 2012

Carta ao Barão - sobre o homem mais cruel do Exército brasileiro

Rio de Janeiro, 15 de fevereiro de 1897.

Exmo. Amigo Sr. Barão de Jeremoabo,

Tenho à vista sua carta de 8 de janeiro p.p., à qual respondo.

Aceite o smeus sinceros parabéns pelo nascimento de seu netinho Cícero. Pelo que tenho lido, a preocupação do povo do sertão desse Estado é o célebre Conselheiro.

V. Exa. está bem longe de pensar que o seu nome foi aqui muito envolvido, a princípio, nessa questão como um dos protetores do fanático. Felizmente, o fato não chegou a ser denunciado pela imprensa, comentava-se em grupos, mas o boato não chegou a ter curso.

(...)

Estou morando parede-meia com o nosso amigo capitão Alfredo Leão da Silva Pedra, que é deveras muito dedicado a V. Exa.; sei que além dele outros oficiais da guarnição do 16o lhe são muito afeiçoados, motivo pelo qual suas fazendas serão respeitadas pela expedição federal, embora esta tenha como chefe o homem mais cruel que veste a farda do exército brasileiro. Para dar cabo de Antônio Conselheiro, a quem conheço pessoalmente, não era preciso mandar aí o coronel Moreira César, homem malvado, sanguinário por índole, o qual vai talar de cadáveres o solo do nosso querido sertão.

Pois não há no Exército oficiais valentes mais prudentes? Para que não enviaram o Santos Dias! Posso garantir a V. Exa. que, se o César cercar os Canudos, manda matar até as crianças e mulheres. Não estou fantasiando, foi isso o que se deu em Santa Catarina.

(...)

Recomende-me à Exma. família e aceite o tênue préstimo do Patrício e Amigo agradecido,

Ubaldo Soares da Silva

fonte: Canudos - Cartas para o Barão. Consuelo Novais Sampaio

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