sábado, 26 de junho de 2010

Pirapora - novamente, às margens do Velho Chico












25 de junho - sexta-feira


Estamos em Pirapora.

À margem direita do Rio São Francisco.

Tem a Ponte Marechal Hermes (sinistra, vocês já saberão o porquê), inaugurada em 1922, que fazia ligação férrea entre Pirapora e Buritizeiro (cidades face-a-face, em lados opostos do Velho Chico). Tem uma extensão de 694 metros. Lá não passam mais trens, apenas pessoas, bicicletas e motos. No vão central os trilhos estão desativados (por lá passavam automóveis anteriormente, devia ser algo tenebroso dirigir 694 metros sobre tábuas longitudinais ao lado dos trilhos sobre os dormentes suspensos - muita gente deve ter se dado mal... - manja quando você vai colocar o carro na valeta para trocar o óleo, e o frentista fica orientando: mais prá lá, mais prá cá? - é a mesma coisa, só que o frentista não está lá e a troca de óleo será feita 694 metros adiante...).

Ao lado do vão central, lateralmente à estrutura metálica de sustentação principal, trafegam pessoas, biciletas e motos, através de um corredor lateral estreito com tábuas assentadas à lá ponte pênsil. Sinistro, tem mais bizarria adiante...

Os carros tem que fazer a volta pela BR-365; fica bem maior a distância. Por isso a Ponte Marechal Hermes é muito utilizada pelos moradores dessas duas cidades.

Estou hospedado no Hotel Canoeiros. Hotel metido a besta. Quer ter o ar de resort, centro de convenções. Tudo empáfia, inclusive dos funcionários. Na sua pretensão, fica a desejar com uma estrutura decadente, tem o péssimo na pretensão de ser o melhor sem o bom do que é simples e agradável. Mas uma coisa de bom tem: meu quarto fica de frente para a Ponte Marechal Hermes e de onde tenho uma vista muito bonita do Velho Chico.

Nessa região o rio é largo, com um fundo cheio de pedras, que dão um ar de "corredeira" a este trecho, com águas claras. Fica o borburinho do rio o tempo todo. Rio de paz, de ficar olhando. Muito bonito! E pelo rio as pessoas ficam se banhando, tem um local em que foi feita uma prainha.

Aqui fica aportado o Vapor Benjamim Guimarães. Foi fabricado em 1913, navegou no Mississipi, depois em rios da bacia amazônica e agora navega no velho Chico. Muito interessante a estrutura de um valho vapor (veja a foto).

Hoje almocei em um belo restaurante à beira-rio, iscas de surubim, uma delícia, olhando o correr das águas do rio. Depois acertar algumas coisas na moto, limpar e lubrificar a corrente, ajeitar as mangueiras dos respiros que sairam de lugar no trecho do liso. A corrente tava um nojo. Agora a vermelhinha tá pronta para o seguir da viagem.

E depois saí para tirar fotos da cidade. Fui de moto até a ponte Marechal Hermes. Ela vai lá longe... decidi atravessar até Buritizeiro. Andar com a moto naquelas tábuas irregulares e meio soltas, com o rio por baixo dá uma impressão péssima. Estava na passarela à minha direita da ponte. Tudo legal, é estreito mas não vem moto no sentido contrário, certo? ERRADO !!!!!!!!!!!! Aí é que eu me dei conta que do outro lado não passam as motos em sentido contrário, mas sim é reservado a pedestres e ciclistas. Ferrou, lá vem uma moto em sentido contrário. Pensei que a gente fosse entalar ou que eu ia cair no rio. Milimetricamente e com o ânus na mão, cruzei com diversas motos na travessia, e aquelas malditas tábuas soltas balançando com o andar da moto. Por burrice acabei fazendo essa travessia três vezes no total. Espero nunca mais...

Do meu quarto no hotel eu fico escutando a noite toda as motos cruzando, o chacoalhar das tábuas faz um barulho que até parece uma locomotiva. Sinistro...

O por do sol na tal da ponte é algo espetacular!

E hoje à noite teve festa junina em Buritizeiro. Vou de moto e deixo ela estacionada na Muvuca? Vou de moto pela BR à noite, sem proteção adequada? Vou pela ponte maldita sinistra à noite? Pego um moto táxi (sim, aqui tem moto táxi) - de jeito nenhum, a caminhada é longa, vou à pé mesmo!

Bom, atravessei a ponte, agora pel lado dos pedestres, às 9:30 na ida e perto da meia-noite na volta da festa junina. Sinistro ao quadrado. A Antonela ia ter adorado fazer esse trecho comigo. Vi que estavam marcadas com um X as tábuas trincadas, soltas ou em mal estado. Isso só no começo do trecho, como quase todas as tábuas ganhavem um X, acho que o ator da ação desistiu de marcar os 694 metros... E ver o rio passando por baixo entre o vão das malditas tábuas... Sinistro, chega de falar dessa ponte. Mas que olhando ela é bonita e imponente, isso é!

A festa junina tava a maior animação, tava um mundo de gente lá. Fiquei escutando o concurso de causos caipiras, comi milho verde, pastel, fiquei sacando o povo daqui se divertindo. Bom, foi isso.

Amanhã temos um encontro em um lugar muito especial para o Riobaldo. Até lá, até lá. Até lá!

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