Onde antes era só cerrado, hoje dominam os eucalipais: árvore única, avessa ao diverso, ao ex-biodiverso da fauna e flora locais, enfileiradas em um exército que resseca, invade, homogeniza. São milhas de sertão assim transformados para mover a máquina do mundo moderno. Testemunhar tão de perto traz culpa, a eterna culpa que não nos deixa desde que somos seres transformadores da natureza.
Passeamos pela BR040 de Pirapora à Três Marias: na faixa estreita que envolve a rodovia, cerrado virgem, guardado pelo governo federal, relembrando o que foi ontem. Fora isso é só eucalipto sem ter mais fim. Cruzamos o Rio "Abaeté", primeiro afluente do Chico depois da represa de Três Marias. Paramos para abastecer nossos corpos com surubin no Rei do Peixe, embaixo da ponte que passa o Rio São Francisco naquele ponto. Mais pirão de peixe pro Vitinho. E dali à Praia Mar de Minas, na represa. Quase mergulhamos na água convidativa, morna e cristalina, com nosso filhinho nos braços. Em tempo, fomos alertados da existência de piranhas naquele pequeno trechinho de "mar"...
O menino turbinado com pirão, a salvo das piranhas, ganhou uma ducha para refrescar e seguiu viagem com seus pais...
Próxima parada: Andrequicé - distrito de Três Marias onde viveu o vaqueiro Manuelzão, eternizado na obra de Guimarães Rosa. Lá um pequeno museu em sua memória na casa em que viveu: belo e simples, mas simples demais. Mesmo sendo a simplicidade o que sua vida tem mais a nos ensinar, nota-se outra vez a lamentável falta de interesse na conservação do patrimônio histórico de Minas Gerais.
Havíamos desviado 20 km da BR para visitar Andrequicé, fomos e voltamos por entre eucaliptos da Gerdau, que invadiram e secaram o riacho de Andrequicé, conforme nos contou uma habitante local.
Dali, tomamos o rumo de Cordisburgo, pousada das flores, restaurante Sarapalha, vencedor no quisito "sinistro" da viagem, repouso nas flores, noite bem dormida e descansada.
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